No último mês de março, foi criada na UFPR a Escola Piloto de Engenharia Química (EPEQ). O projeto, que nasceu da experiência de intercâmbio do estudante Éverton Simões Van-Dal, funciona da seguinte maneira: sob supervisão do professor orientador, os alunos produzem material didático e ministram aulas sobre temas ainda não incorporados ao currículo de graduação em Engenharia Química.
Os alunos se reúnem às quartas e sextas-feiras, com 30 minutos de aula e 15 minutos de discussão sobre o conteúdo, totalizando dois blocos de 45 minutos. Em cada um destes encontros, uma dupla de alunos faz uma apresentação sobre uma parte do tema e monta uma apostila com o conteúdo. Dessa forma, todos treinam apresentação e produzem material didático. Uma das vantagens deste sistema é que os alunos não ficam sobrecarregados, pois durante o semestre cada um apresenta duas ou três vezes, no máximo.
A EPEQ foi inspirada na Escola Piloto da COPPE – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na qual são ofertados cursos sobre assuntos ainda não contemplados no currículo. A diferença entre as duas é que na EP da UFPR são os próprios alunos que preparam o material e ministram as aulas, enquanto que na UFRJ são professores que oferecem o conteúdo.
“É intencional a proposta de que os próprios alunos ministrem as aulas, por isso fechamos um grupo não muito grande, de quinze alunos, para conseguirmos manter o rendimento e a qualidade e conseguirmos preparar estes estudantes para repassarem o que aprenderam para mais pessoas” afirma o idealizador do projeto, Van-Dal.
O professor responsável pela EPEQ, Alberto Tadeu Martins Cardoso, explica que para as aulas são escolhidos temas ligados à tecnologia, na maioria das vezes, e que atualmente não são contemplados na grade curricular da graduação em Engenharia Química por falta de tempo ou por serem assuntos muito recentes.
Para Cardoso, as tecnologias evoluem muito rapidamente na Engenharia Química, como em qualquer outro curso, e transferir essa velocidade para as reformas curriculares fica inviável, por isso a EPEQ busca abordar alguns temas de modo mais ágil, como um curso de extensão.
“A Escola Piloto fecha uma lacuna. Com ela a gente se propõe a estudar com profundidade temas novos, que não são abordados em sala de aula. E isso faz toda a diferença no mercado porque são conhecimentos que trarão um diferencial para o nosso currículo”, afirma o aluno integrante da EPEQ Bruno Nonohay, 22 anos.
Atualmente a escola está passando por uma fase experimental, mas já no próximo semestre pretende divulgar o processo seletivo para o ingresso de novos membros.
Criação e implementação
Éverton Simões Van-Dal, estudante do curso de Engenharia Química, 22 anos, ingressou em um dos programas de intercambio da UFPR e, após um ano e meio de aprendizagem, retornou ao Brasil com a vontade de dividir o que aprendeu. “Quando fiz meu estágio na França eu aprendi algumas coisas bem úteis para minha formação como engenheiro e que eu não tinha tido contato durante a graduação”, conta Van-Dal.
Para colocar em prática a ideia do compartilhamento de conhecimento, ele procurou o professor Cardoso, que acabou se tornando orientador do grupo, e apresentou a proposta de uma Escola Piloto de Engenharia Química (EPEQ).
O docente, que atua de forma voluntária na EPEQ, afirma ter aceitado participar e apoiar a iniciativa por ver nela uma maneira de valorização do ensino. “É um programa de extensão, não oficializado ainda, voltado ao ensino. Para mim, uma das coisas mais importantes é poder valorizar essas iniciativas que visam ao desenvolvimento do estudante e da instituição”, opina.