sex 26 abr 2024
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Auxílio financeiro permite que mães estudantes terminem a graduação

No último dia 8, segunda-feira, encerraram-se as inscrições para mais um processo seletivo da bolsa-creche. O recurso social ofertado pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) existe desde 2013 na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e já ajudou muitas mães a terminarem a graduação. Desde o início do ano, 42 estudantes foram aprovados para receber a bolsa e 12 já estão recebendo, entre os quais Jéssica Quadros, estudante de Produção Cênica.

Jéssica já tinha problemas para concluir uma graduação antes de estudar na UFPR. Quando sua filha Lara nasceu em agosto de 2012, ela estudava Artes Cênicas na Faculdade de Artes do Paraná (FAP). A instituição não oferecia nenhum tipo de suporte financeiro e o horário do curso dificultava a busca por emprego. Em 2013, Jéssica resolveu tentar o curso de Produção Cênica da UFPR, que é noturno. Mesmo fazendo algumas equivalências de disciplina, as dificuldades prevaleceram e ela precisou ir morar com o pai da menina em outra cidade.

Foi quando surgiu o bolsa-creche na UFPR. A estudante ainda passou por algumas dificuldades no processo seletivo, mas como a demanda inicial era pequena, conseguiu os 200 reais mensais de auxílio. “Foi bem difícil a primeira vez que eu pedi, tem que ser paciente para organizar toda a documentação, ainda mais quando você tem uma família desestruturada e a assistente social fica te questionando”, conta.

A professora Maria Aparecida Zanetti, coordenadora de assistência estudantil da PRAE, explica que apenas estudantes que possuam renda per capita de até um e meio salário mínimo nacional podem requisitar a bolsa-creche. Além disso, os filhos precisam ter de 0 a 5 anos e estar regularmente matriculados em Centros de Educação Infantil, sejam eles particulares ou conveniados com a prefeitura. A bolsa tem 12 meses de vigência a partir da liberação do resultado. Homens que possuem filhos também podem ser contemplados pela bolsa-creche. “Atualmente temos 3 rapazes recebendo, mas se tiver um casal de estudantes com filho, apenas um dos dois recebe a bolsa”, esclarece Zanetti.

De acordo com a coordenadora, a bolsa-creche, assim como os outros auxílios sociais ofertados pela PRAE, é essencial para a Universidade.  O objetivo é fazer com que todos os estudantes concluam o curso no menor tempo possível. “Ajudando a manter os filhos deles na creche, eles podem estudar com mais tranquilidade”, defende. Além de usar o recurso financeiro, algumas mães participam do atendimento psicológico oferecido pela PRAE, que se localiza no Prédio Histórico e pode ser utilizado pelos outros estudantes da Universidade.

Jéssica teve a Lara em 2012, enquanto ainda estudava da Faculdade de Artes do Paraná (FAP). Ingressou na UFPR em 2013, mas só conseguiu estabilidade nos estudos quando começou a receber auxílio financeiro do bolsa-creche.Foto: arquivo pessoal.

Melhorias no auxílio ainda são necessárias

A bolsa-creche foi garantida para todas as universidades federais pelo Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) do Ministério da Educação (MEC), estabelecido pelo Decreto nº 7.234, de julho de 2010. Chegou à UFPR em 2012 e começou a funcionar apenas em 2013. A bolsa atualmente é de 200 reais mensais fixos, sem considerar as necessidades particulares dos pais e da criança.

Apesar de depender desse auxílio para estudar, Jéssica aponta que algumas melhorias ainda podem ser feitas. Sua filha Lara não conseguiu vaga em creches conveniadas com a Prefeitura, cuja mensalidade ronda os 150 reais. A instituição particular mais barata que encontrou custa 400 reais para a criança estudar meio-período. Mesmo com a compreensão da direção, que concedeu descontos, ela e o pai de Lara ainda trabalham exaustivamente para bancar os custos da educação da menina. “Enquanto para algumas mães que recebem a bolsa sobram 50 reais por mês, para mim faltam 200”, argumenta.

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