qui 18 abr 2024
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Clique 180 incentiva mulheres a denunciar violência de gênero

A Prefeitura de Curitiba iniciou nas redes sociais a campanha de divulgação do Clique 180, um aplicativo que visa informar e auxiliar mulheres no enfrentamento à violência de gênero. A ferramenta surgiu em maio de 2014, mas só chegou em Curitiba no último dia 25, através de uma parceria entre a ONU Mulheres e a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR).

O aplicativo, que está disponível para os sistemas Android, IOS e na versão web, oferece informações sobre os diversos tipos de violência contra a mulher, íntegra da Lei Maria da Penha, chamada imediata ao Ligue 180 e um mapa colaborativo. Há também dicas sobre como se proteger em casos de violência, tais como: andar com um chaveiro na mão para servir de arma de defesa, gritar fogo ao invés de socorro para obter ajuda e evitar andar sozinha por ruas pouco iluminadas.

Para Maria Luísa Nogueira Nascimento, estudante de Arquitetura e Urbanismo e participante de diversos coletivos feministas, esse tipo de ação é importante para que as mulheres consigam se proteger, mas não é o suficiente. “Ao mesmo tempo [em que há esse tipo de iniciativa] deveria existir uma forma de problematizar isso na cabeça dos meninos – por que uma mulher sozinha na rua é de fácil ataque?”, pontua.

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O aplicativo Clique 180 foi elaborado com apoio da embaixada do Reino Unido (Foto: Reprodução)

Mapa Colaborativo

A ferramenta do app mais ressaltada pela Prefeitura de Curitiba é o “Minha cidade mais segura”, um mapa colaborativo no qual é possível registrar relatos especificando o local onde ocorreu determinado abuso. São oferecidas sete opções predefinidas, que vão de rua sem iluminação a furtos.

As informações coletadas pelo aplicativo ajudarão a compor outra ferramenta, o “Mapa da Violência e Criminalidade em Curitiba”, que está sendo produzido pelo Gabinete de Gestão Integrada Municipal de Segurança Pública de Curitiba (GGI). “Foi uma coincidência”, afirma Thea Tavares, assessora técnica da Secretaria da Mulher. “Quando a ONU Mulheres nos procurou, percebemos que isso se somava. Tudo o que agregar de informação vinda da campanha [do Clique 180], nos ajuda na formatação deste mapa”, completa.

O Mapa da Prefeitura conterá informações sobre crimes contra dignidade sexual, homicídios, furtos, roubos, roubos seguido de morte, agressão seguida de morte e crimes com envolvimento com drogas, tudo com recorte de gênero. A previsão de lançamento é para o final de maio de 2015.

Mapa colaborativo pode ser acessado tanto pelo aplicativo quanto pelo site clique180.org.br (Foto: Reprodução)
Mapa colaborativo pode ser acessado tanto pelo aplicativo quanto pelo site clique180.org.br
(Foto: Reprodução)

No dia 25 de março foram registrados 500 downloads e 17 ocorrências no Paraná sobre lugares inseguros para as mulheres. Mas a ideia do mapa colaborativo não é novidade — o projeto Think Olga, por exemplo, criou em abril de 2014 a campanha Chega de Fiu Fiu, que segue uma lógica semelhante a do “Minha cidade mais segura”, mas é focada em reunir relatos de assédio sexual em espaços públicos. O Chega de Fiu Fiu conta com cerca de 150 relatos ocorridos no Paraná.

Violência contra a mulher

Curitiba é a quarta capital com mais homicídios femininos de acordo com o Mapa da Violência 2012 sobre Homicídios de Mulheres no Brasil — anualmente, para cada 100 mil mulheres, 10,4 são assassinadas. O número representa mais que o dobro da média nacional de homicídios, 4,4 mulheres em 100 mil.

Outra pesquisa, encomendada pela Secretaria Municipal da Mulher de Curitiba, aponta que 60% dos entrevistados homens conhecem alguma mulher que já sofreu agressão física do companheiro, e 44% de todos os entrevistados concordam que as leis brasileiras não protegem as mulheres contra abusos e violências domésticas.

Serviço

Aplicativo Clique 180 – versão web; download versão IOS, versão Android.

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