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UFPR se atualiza para enfrentar tempos de crise

A cada início de ano letivo a UFPR se prepara para receber os alunos. O Jornal Comunicação entrevistou a Pró-Reitora de Graduação e Ensino Profissionalizante, Maria Amélia Sabbag Zainko, sobre as novas perspectivas para a universidade, que registrou em 2015 o seu maior vestibular. Mudanças curriculares, inovações e cortes no orçamento são temas discutidos na entrevista. “Este é um ano de muita reflexão e muita discussão, até porque 2015 será um ano de pouco dinheiro. Precisamos vir com ideias novas e criatividade – há muitas coisas que você pode fazer que não depende de recurso”, afirma Maria Amélia. Confira:

"A vaga pública deve ser encarada com muita responsabilidade", explica  Maria Amélia Sabbag Zainko (Foto: Carlos Baldo)
“A vaga pública deve ser encarada com muita responsabilidade”, explica Maria Amélia Sabbag Zainko (Foto: Carlos Baldo)

Jornal Comunicação: Como está o início do ano letivo da UFPR? E como é a preparação para a semana do calouro?
Nós começamos o ano com o maior e mais concorrido vestibular da história da universidade, 57 mil candidatos, e aumentamos o percentual de participação no SISU, 30% das vagas, o que gerou uma procura de 85 mil candidatos por esse sistema. Isso mostra que realmente há uma procura bastante significativa pelo o que a universidade oferece. A organização da semana do calouro ocorre por setor. Nos habilitamos a discussões, procura que a administração, reitor, vice-reitor e pró-reitoria passem nos setores. Percorremos a Universidade, fazendo as discussões e apoiando a participação. E a recomendação é sempre receber bem o calouro. O trote pode ser um rito de passagem, mas jamais violento. A coordenação é sempre o primeiro espaço de contato. Ele pode recorrer à coordenação do curso, à direção do setor e à pró-reitoria. Estamos atentos à isso, temos uma coordenação específica, inclusive.

JC: A universidade tem se mostrado aberta na utilização de novos recurso como o aplicativo criado para disponibilizar o resultado e informações sobre o último vestibular. Como essas inicitaivas refletem na relação do aluno com a UFPR?
Há hoje na UFPR uma proposta de reflexão sobre os processos de formação, que vem nos desafiando intensamente. Os alunos que ingressam na universidade têm um relacionamento muito próximo com a internet e com todo esse mundo descortinado pelo avanço da ciência e tecnologia. É preciso que a universidade, ainda que seja antiga e tradicional, se modernize nesse sentido e que o estudante tenha um atendimento. É uma nova forma de comunicação com os alunos, e usaremos também na feira de profissões e outros. As informações de interesse do aluno serão divulgadas via aplicativo. Tivemos o cuidado de enviar um SMS para cada candidato sobre a aprovação ou chamando a atenção para outras oportunidades de ingresso na universidade. Às vezes o aluno não fica muito antenado com a questão da publicação das datas e agora ele recebá individualmente essa comunicação para que não perca as oportunidades.

JC: Como a UFPR auxiliará os acadêmicos na graduação?
Esse ano teremos um programa chamado “Inovação e Melhorias da Qualidade da Graduação na Universidade” envolvendo os três atores principais: aluno, professor e técnico. Para o aluno teremos reforço acadêmico, seminários, tutoria acadêmica. Faremos uma aproximação entre graduação e pós-graduação, usando os alunos de pós-graduação para trabalhar junto com os coordenadores de curso, atentos para as áreas em que os alunos precisam de reforço. Serão oferecidas aulas presenciais no contra turno, atividades também nos finais de semana e uma nova experiência que estamos desenvolvendo que é o repositório de Recursos Educacionais Abertos, o REA Paraná. Começou em uma parceria entre a nossa universidade e a UTFPR, agora também entra o IFPR e algumas universidades do estado. Este repositório oferecerá cursos via internet gravados com professores das instituições envolvidas. O aluno poderá escolher o que ele sentir que possibilitará uma melhor aprendizagem e que possa ajudar a suprir a dificuldade que possui com o curso. Na tutoria um professor se responsabilizará por um grupo de alunos. O aluno irá se matricular nas disciplinas em que o professor orientador aponta como importantes para o que ele deseja fazer. Com isso queremos reduzir o abandono, os índices de reprovação e o tempo de permanência na universidade. A vaga pública deve ser encarada com muita responsabilidade, porque para cada aluno aqui dentro há tantos outros que ficaram de fora. Precisamos ter responsabilidade social com os que não conseguiram ingressar.

JC: E qual será a preparação para os professores e servidores?
Para os professores trabalhamos desde o início da gestão do Professor Zaki Akel Sobrinho acreditando ser necessária a formação continuada de professores. Começamos, junto com a coordenação da Prograd e dos setores, a fazer o levantamento daquilo que os professores precisavam para se atualizar. A partir disso, criamos oficinas de planejamento, avaliação e várias situações que os professores entendiam que eram necessárias. Terminamos o ano passado com a jornada pedagógica, a qual foi aberta aos professores e teve uma demanda imensa. Faremos isso com frequência em 2015 e também faremos o que nós chamamos de oficina de boas práticas, ou seja, colocar os professores que desenvolvem novas práticas, mais modernas, utilizando tecnologias, em contato com outros professores, para troca de conhecimento. Também estamos absorvendo na Universidade, por meio dos concursos, jovens que não têm experiência de docência, que fizeram iniciação científica, mestrado e doutorado, mas não têm experiência de sala de aula. Eles precisam entender melhor o que é participar de um processo de formação de nível de qualidade na Universidade. Quanto aos servidores, eles precisam entender que é um lugar diferente – é uma casa de formação e tem que ser de formação para ele também. Portanto, haverá vários seminários, política de gestão de pessoas que trabalha com essa perspectiva de possibilitá-los a oportunidade de ter mais qualidade de vida, que implica poder se qualificar. Este é um ano de muita reflexão e muita discussão, até porque 2015 será um ano de pouco dinheiro. Precisamos vir com ideias novas e criatividade – há muitas coisas que você pode fazer que não depende de recurso.

JC: Ano passado, a UFPR passou por dificuldades devido ao cancelamento dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda por parte do MEC. Esta situação refletiu na aplicação de ferramentas de avaliação por parte da universidade?
Sempre tivemos a preocupação com a avaliação. Acho que para o Jornalismo a experiência de rearticulação, o trabalho de integração dos professores, a discussão interna foi um ganho, sem dúvida. Não precisávamos ter passado por tantos desgastes, era uma situação bem complicada com um curso de 50 anos, com toda uma história. Retomamos no ano passado com a avaliação online das disciplinas. Tivemos pouco retorno, mas a ideia é incrementar, pois é importante ter a avaliação na visão dos alunos. Também retomamos a avaliação de cursos na visão de alunos e professores e este ano vamos implantar também a plataforma do egresso. Queremos que ele nos diga o que faltou no processo de formação e as dificuldade que teve para o exercício efetivo da profissão. Vamos trabalhar muito com isso para poder corrigir esses problemas que sabemos que existe.

JC: Com novos cursos e novas turmas aumentará a demanda de espaços didáticos, de salas de aula. Isso está equacionado para 2015?
Nós crescemos muito em alunos, mas também em estrutura. Ontem mesmo discutimos a confusão do campus Rebouças que está mais lento do que deveria por culpa de um recurso jurídico que o paralisou e o prédio de Exatas no campus Politécnico, que está praticamente pronto e atenderá à demanda. Quanto ao ensalamento, muito do conflito ocorre por culpa da existência de uma cultura na universidade de que o professor dá aula a hora em que ele quer. Ele escolhe seus horários, que às vezes não batem com o horário registrado e acaba invadindo o horário da aula de outro professor. Conseguimos resolver isso. Todo início de ano a Prograd faz contato com todas as coordenações para saber se está tudo equacionado, porque não posso admitir aluno se aula. Tem que ter professor e tem que ter espaço físico para que tudo aconteça.

JC: Teremos neste ano uma política de bolsas consistente, do mesmo porte do ano passado, uma vez que o número de alunos aumentou?
Na verdade, não sei exatamente como isso vai ficar. A ideia é manter o que vem acontecendo e acompanhar o crescimento da Universidade. Mas as coisas esse ano serão complicadas em termos de governo Federal. Eles não estão repassando os recursos, tivemos cortes significativos. Estávamos avaliando e, em princípio, pelos repasses de janeiro, há uma contenção de 33%, ou seja, de um terço do orçamento da Universidade. E pode chegar a mais. Brigaremos no sentido de garantir que a política continue. É provável que afete o PNAES (Plano Nacional de Assistência Estudantil), mas na nossa perspectiva é manter o aluno na universidade.

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