ter 23 abr 2024
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Musicais provam ser uma arte em expansão em Curitiba

O teatro musical é considerado, por muitos, uma das formas mais completas de manifestação artística. A união da dança com o canto e a atuação forma espetáculos extremamente empíricos para o espectador, que tem a oportunidade de viver, junto com os artistas, a ilusão de histórias contadas através da música.

Cena do espetáculo musical de rua “Manual de Sobrevivência” da Trupe Sem Lona no Mato Grosso do Sul, que mostra formas alternativas para a realização desse tipo de teatro. Direção geral de Rane Abreu.
(Foto: Trupe sem Lona)

O maior polo de teatro musical do mundo está nos Estados Unidos, com as produções da Broadway. O Brasil, por sua vez, já aparece na terceira posição mundial em termos de produção para esse tipo de espetáculo, mas ainda sente a necessidade de importar peças vindas da América do Norte.

O Musical no Brasil

As peças musicais vindas dos Estados Unidos buscam sempre o maior nível possível de igualdade entre o original e o que é trazido para o Brasil. Muitas vezes, são contratados, inclusive, diretores e coreógrafos americanos para assegurar que a atuação, a dança e as marcações estejam dentro dos padrões. Renan Alves, diretor de teatro musical da Cia Sirius, aponta que isso tira completamente a autonomia criativa dos atores: “Os artistas já estão presos à técnica de dança e de canto, então é muito ruim que tirem dele, também, a liberdade de atuação”.

Além disso, por causa dessa preocupação de deixar tudo muito parecido com o que acontece na América do Norte, o público brasileiro não consegue realmente se relacionar com essas produções. Por esse motivo, passou-se a investir cada vez mais nas produções nacionais. O diretor musical Gustavo Vargas, do Cena Hum, mostra a importância das criações genuinamente brasileiras: “Mais do que abrir um mercado de trabalho para o teatro musical, nós devemos criar algo novo, e isso é a própria concepção de arte”, opina. A partir dessa nova realidade, começam a surgir produções nacionais, principalmente biográficas, como Elis e Cazuza, que atingiram grande sucesso.

O Musical em Curitiba

Elenco e equipe do espetáculo “Alice”, do Cena Hum, que esteve em cartaz neste ano no Mini Guaíra e teve direção geral de George Sada.
(Foto: Maria Eduarda Guimarães)

 As duas cidades brasileiras com maior expressividade no campo são, naturalmente, Rio de Janeiro e São Paulo. A maior parte dos espetáculos, tanto os importados quanto os produzidos no Brasil, inicia-se nesse eixo e, posteriormente, parte para outras regiões. Curitiba, por sua vez, começa a despertar para essa arte, ainda que a produção na cidade seja pouco expressiva. Mas Renan Alves aponta o crescimento do teatro musical na cidade: “Curitiba se tornou rota dos grandes musicais do país, e isso significa que as pessoas daqui estão interessadas em assistir os shows”.

Ao mesmo passo em que existe o interesse por assistir, os artistas também estão buscando cada vez mais a profissionalização na área. “Nós sempre falamos que o ator de teatro musical é o mais completo, pois ele tem que saber fazer tudo, e sempre com muita técnica”, comenta Renan. O crescimento dos musicais em Curitiba serviu para que diversos cursos artísticos fossem trazidos para a cidade, permitindo que os atores locais tenham acesso a professores e técnicas antes disponibilizadas somente em São Paulo ou no Rio de Janeiro.

Gustavo Vargas dirigiu o espetáculo Alice, que esteve em cartaz no Mini Guaíra até o dia 31 de agosto, e foi produzido na cidade. “Nós não esperávamos que fosse dar tão certo, as pessoas realmente foram assistir e gostaram de verdade”, comenta. “Para que Curitiba se torne uma grande produtora, o que falta é a mudança de mentalidade dos investidores”, afirma Renan Alves, “existe o público e existe o talento, mas são produções caras, então precisamos de parceiros para arcar com os custos”.

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