sáb 20 abr 2024
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Projeto utiliza dança como terapia para crianças com paralisia cerebral

Grupo de jovens com distúrbios do sistema nervoso ensaia coreografias para apresentação no aniversário de Curitiba. (Foto: Victoria Tuler)

Garantir qualidade de vida para crianças e adolescentes com desordens neurológicas e comprometimentos motores através da dança é o objetivo de um projeto criado há 7 anos. O Instituto Guerreiros de Arte-Reabilitação, surgiu dentro da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e aposta no Hip Hop como ferramenta para o desenvolvimento e inclusão social de cerca de 20 jovens.

Criadora e presidente do Instituto, a fisioterapeuta Joseana Withers teve a ideia de investir na arte como terapia após enfrentar um problema de saúde que a obrigou a retomar a prática de atividades físicas. “Acabei encontrando na dança uma maneira prazerosa de reabilitação. Percebi que poderia ser um caminho para tratar doenças neurológicas”, conta.

As constatações de Joseana viraram tese de mestrado em 2007 e, em seguida, foram promovidas a pesquisa do Hospital de Clínicas (HC). Através de grupos de estudo e da aplicação de cerca de 200 questionários, respondidos por participantes dessa fase experimental do projeto, a fisioterapeuta conseguiu comprovar cientificamente a eficácia da dança como terapia complementar para jovens com paralisia cerebral. A partir de então, as primeiras aulas de dança organizadas pelo grupo começaram com pacientes do próprio HC. Não demorou muito para o número de interessados crescer, e a equipe começar a planejar seus primeiros passos fora da UFPR para conseguir atender a demanda. “Começaram a chegar crianças indicadas por outras instituições e sentimos que não podíamos recusar. Foi aí que precisamos correr atrás de um espaço maior e mais apropriado”, explica Withers. O Instituto funciona hoje em uma escola de dança no centro de Curitiba.

Jovens atendidos

Segundo Joseana Withers, a maior parte dos jovens beneficiados pelo Instituto Guerreiros sofre de paralisia cerebral, problema que atinge o bebê ainda dentro do útero e pode atingir diferentes funções, como movimentos, audição, visão, fala, aprendizagem ou raciocínio. O projeto também atende crianças e adolescentes com outras deficiências como a osteogénese imperfeita, popularmente conhecida como doença dos ossos de vidro – devido a fragilidade dos ossos de seus portadores – e vítimas de lesões medulares. O programa inclui crianças a partir dos 4 anos, mas não tem limite de idade. De acordo com a fisioterapeuta, há jovens de mais de vinte anos que continuam indo às aulas e não pretendem parar tão cedo.

A aluna Ilana Santiago tem 14 anos e frequenta o Instituto desde os 10.  Animada e com figurino de apresentação, a garota conta que adora a dança e os sentimentos que os passos de Hip Hop despertam nela. “Não quero parar nunca. Fico muito feliz dançando. Faz com que eu me sinta livre”, descreve. A mãe, Carmen Lucia Santiago Ferreira, diz que sempre incentivou a filha a assistir apresentações culturais. Para ela, a bagagem que a menina trouxe de casa ajudou muito nos resultados do projeto. “Sempre estimulei e fiz a minha parte. A dança aprimorou tudo que ensinamos. Ela sempre foi alegre, mas hoje é mais sociável, faz amizade com mais facilidade”, conta.

Patrocínios

O projeto se mantém exclusivamente com doações. De acordo com Joseana algumas empresas fazem contribuições frequentes, mas não há nenhum apoio financeiro de órgãos governamentais. “Estamos buscando parcerias com a própria prefeitura porque temos planos de expandir o Instituto. Queremos abrir as portas para portadores de autismo e síndrome de Down, por exemplo”, afirma.

O espaço em que as aulas acontecem é cedido pela escola de dança Cenário Espaço Arte, na rua Barão de Antonina, no Centro. O grupo conta ainda com o trabalho de quatro professores e uma psicóloga, que faz atividades com os pais enquanto os alunos ensaiam. Todos os funcionários são voluntários.

Prêmio

O trabalho do Instituto Guerreiros de Arte-Reabilitação tem ganhado reconhecimento. Além de já ter levado espetáculos para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a iniciativa conquistou recentemente o Prêmio Fani Lerner, destinado a instituições sociais, sendo escolhida entre 100 outros projetos de todo o Paraná.

No próximo sábado (29), em homenagem ao aniversário de Curitiba, o Grupo de Dança Guerreiros deverá ser uma das atrações da festa que terá atividades das 10 da manhã as cinco da tarde.  A entrada é franca.

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