qui 18 abr 2024
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UFPR discute relação entre meios de comunicação e movimentos sociais

Debate com representantes de movimentos sociais lota auditório do Departamento de Comunicação Social da UFPR Foto: Prattica Ufpr
Debate com representantes de movimentos sociais lota auditório do Departamento de Comunicação Social da UFPR
Foto: Prattica Ufpr

O Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná (Decom) organizou, na última segunda-feira (13), uma mesa de debate sobre a imagem dos movimentos sociais na mídia. O evento fez parte da Semana Acadêmica de Comunicação Social da UFPR, que aconteceu junto com o 6º Encontro de Pesquisa em Comunicação (Enpecom), produzido pelos alunos do programa de pós-graduação em comunicação da universidade.

A mesa, organizada por uma comissão composta de alunos e professores do curso, contou com a participação de Neli Gomes, pesquisadora do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da UFPR e militante do movimento negro, Xênia Mello, militante do movimento feminista, Maurício Pereira, representante do Movimento Nacional da População de Rua e Jean Wyllys, deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) do Rio de Janeiro.

Segundo o professor Fábio Hansen, um dos organizadores do evento, a ideia de fazer uma mesa de debate que discutisse a relação entre meios de comunicação e movimentos sociais veio da proposta do Enpecom de abordar questões que envolvessem comunicação e democracia. “A ideia foi não criar outra temática ou algo que concorresse com a proposta do Enpecom, mas sim seguir essa ideia”, contou.

Mídia e movimentos sociais 

Entre os temas abordados, um dos destaques foi o consenso dos representantes dos movimentos de que existe pouca representação de negros,  feministas e da população em situação de rua na mídia. Os debatedores também levantaram a questão da luta desses grupos por espaço dentro dos veículos de comunicação.

No caso do movimento negro, Neli Gomes destacou a pouca presença de negros em cargos de liderança dos grandes grupos de comunicação e da necessidade de mostrá-los em papéis que vão além de empregados domésticos ou ligados a questões como carnaval, por exemplo. Xênia Mello, por sua vez, destacou a objetificação da mulher pela mídia, ao colocá-la como símbolo sexual, e a necessidade do movimento feminista de construir outras formas de socialização através de uma mídia feminista.

Em Curitiba, o Movimento Nacional da População de Rua produz o jornal A Laje, em parceria com os membros do Núcleo de Comunicação e Educação Popular da UFPR (Ncep – UFPR), projeto de extensão do curso de Comunicação Social. Este material serve como veículo de comunicação e reivindicação do grupo organizado. Apesar desta e de outras iniciativas de comunicação no Brasil, os convidados apontaram a baixa visibilidade das demandas deste setor na mídia. Durante o debate,  Maurício Pereira destacou os problemas que a população em situação de rua tem com relação ao acesso aos serviços de saúde e segurança.

Debate e formação estudantil 

Jean Wyllys, que colaborou para que o auditório do departamento ficasse lotado, explicou como surgem as culturas e chamou a atenção para o fato de os meios de comunicação representarem os grupos sociais de forma negativa e que, por isso, esses grupos devem se posicionar e se mobilizar para mudar as representações. “Nada embaixo desse sol é da ordem da natureza. Tudo é construído”, destacou.

Para a estudante do primeiro ano de jornalismo da UFPR, Ana Sens, o debate foi importante para quebrar preconceitos e entender melhor o que são os movimentos sociais. “Eu achei que abriu meus horizontes, eu me identifiquei mais do que eu imaginava, e acho que não só como futura jornalista, mas como pessoa, a palestra foi importante para mim”, revelou.

Para Neli Gomes, um evento que discute a representação dos movimentos sociais na mídia é importante para tirar os estudantes, principalmente os da área da comunicação, da zona de conforto, já que são eles que vão atuar na mídia no futuro. “O que nós fazemos na publicidade, na tv, no rádio, na escrita, tem eco na sociedade e nas próximas gerações”, ressalta.

Além da mesa de discussão, o evento também contou com o lançamento do novo livro de Jean Wyllys, “Tempo bom, tempo ruim – identidades, políticas e afetos” e o deputado distribuiu autógrafos para os presentes.

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